Habilidades sociais são comportamentos que ocorrem dentro das relações interpessoais e têm como finalidade comunicar com precisão emoções, sentimentos, opiniões, atitudes, direitos e necessidades pessoais. Tais comportamentos são sancionados culturalmente com normas e códigos sociais. As habilidades sociais abrangem comportamentos verbais e não-verbais (como ex: o reconhecimento de emoções em faces).
A competência quanto às habilidades sociais é avaliada pela capacidade de emitir comportamentos adequados a cada contexto social específico.
"A competência social é um atributo avaliativo de desempenho social, baseado na funcionalidade e na coerência com os pensamentos e sentimentos do indivíduo. Deve-se considerar que, em muitos casos, a pessoa possui as habilidades em seu repertório, mas não as utiliza em determinadas situações por diversas razões, entre as quais estão: ansiedade, crenças errôneas e dificuldade de leitura dos sinais do ambiente." (Del Prette e Del Prette, 2001 apud Roca, Polisel, Mattos e Silva, 2010; p.184)
Existem reações sociais não habilidosas. Estas podem ser classificadas como passivas ou ativas.
As relações sociais não habilidosas passivas são comportamentos tais como: mágoa, ressentimento, ansiedade e/ou esquiva ou fuga das demandas interpessoais ao invés do enfrentamento.
Já as relações sociais não habilidosas ativas configuram-se em: comportamentos agressivos (físicos ou verbais), negativismo, irônias, autoritarismo e comportamentos coercitivos.
Como comportamentos socialmente competentes temos como exemplo a assertividade, que nada mais é que o exercício de defesa dos próprios direitos sem, com isso, ferir os direitos alheios e com controle da ansiedade.
"Pressupõe-se que pessoas hábeis socialmente apresentam relações pessoais e profissionais mais produtivas, satisfatórias e duradouras. Em contrapartida, os déficits e comprometimentos dessas habilidades geralmente se associam a dificuldades e conflitos nas relações interpessoais, a uma pior qualidade de vida e a diversos tipos de transtornos psicológicos, tais como: timidez, isolamento social, delinquência infantil, desajustamento escolar, suicídio e problemas conjugais. (Del Prette e Del Prette, 2001, apud Roca, Polisel, Mattos e Silva, 2010; p.184)
As habilidades sociais começam a se desenvolver na infância e vão sendo aprimoradas ao longo da vida com as demandas relacionais que aparecem na família, na sociedade e na vida ocupacional.
Quando as crianças assimilam normas, valores e expectativas do seu ambiente vão se tornando mais competentes socialmente.
"Para que os pais promovam comportamentos adequados em seus filhos, eles também precisam emitir comportamentos adequados e demonstrar assertividade ao invés de agressividade." (Silva, 2000 apud Roca, Polisel, Mattos e Silva, 2010; p.186)
Para ajudar no desenvolvimento de habilidades sociais, os estudos e pesquisas sugerem que os pais adotem determinadas posturas em relação a seus filhos, a saber:
- Dialogar com as crianças, ajudaria a transmitir padrões, valores e normas de comportamento cultural.
- Expressar sentimentos de agrado e desagrado em relação ao comportamento do filho, auxiliaria na discriminação entre comportamentos adequados e inadequados.
- Não agir de forma punitiva, pois isto geraria medo, ansiedade, culpa e doenças psicossomáticas.
- Cumprir as promessas feitas aos filhos, pois isto gera confiança no relacionamento.
- Estabelecer limites, regras e dizer "não" para pedidos que não estejam de acordo com as possibilidades dos pais.
- Os pais devem se desculpar com os filhos quando estão errados, isto os ensinaria que também podem errar e admitir seus erros.
Existem programas de treinamento em habilidades sociais que visam a melhorar o desempenho social das pessoas, melhorando sua adaptação ao meio.
BIBLIOGRAFIA:Diniz-Malloy LF, Fuentes D, Mattos P, Abreu N e col - Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010; Cap. 17 - Reconhecimento de emoções.
Atendimento Psicológico - em Botafogo
Contato: jessicacalderon.psi@gmail.com
Jéssica Calderon - CRP: 05/39344
A gente cresce na relação com o outro.
terça-feira, abril 05, 2011
domingo, abril 03, 2011
Teoria da Mente
O termo "teoria da mente" foi adotado pela Psicologia do Desenvolvimento para descrever o desenvolvimento mental que ocorre na infância e na adolescência.
Hoje esse conceito é usado tanto pela Psicologia do Desenvolvimento, como pela Psicologia Cognitiva e Psicologia Evolucionista. Cada uma dessas áreas aborda o termo de forma diferente.
A importância da Teoria da Mente reside no fato deste termo tratar de aspectos importantes do comportamento social humano. É através deste recurso cognitivo que o homem pode reconhecer e interpretar expressões como ironia, metáfora, dissimulação, sofrimento, interesse e falsidade. É através da teoria da mente que podemos prever que idéias o outro pode estar formulando a nosso respeito, podemos antecipar eventos e tomar decisões cruciais em nosso meio social.
A Psicologia do Desenvolvimento fala da origem desta habilidade em crianças. Propõe que a teoria da mente, assim como a maturação de outras funções cerebrais, ocorre numa sequência de aquisições. Primeiro a criança é capaz de perceber a si mesma (+/- aos 12 meses), depois percebe o outro (por ex: a mãe) e, por fim, perceberia o objeto (atenção compartilhada). Após esse período, a criança desenvolveria habilidades mais complexas: distinção entre eventos reais e hipotéticos, perceber seu reflexo no espelho e distinguir falsas crenças (crença que não é congruente com a realidade por contar apenas com informações que foram percebidas parcialmente em uma situação específica).
A Psicologia Cognitiva explica a Teoria da Mente através do modelo de Baron-Cohen (1996). Esse modelo postula que existem 4 módulos cerebrais que interagem e produzem o sistema de "leitura mental" do ser humano.
- Módulo da intencionalidade: O indivíduo interpreta um estímulo a partir de seu desejo ou de sua meta.
- Módulo da direção do olhar: O indivíduo tem a capacidade de perceber o olhar do outro sobre si. E também tem a capacidade de inferir se olhar do outro está realmente vendo ou não a mesma coisa que ele vê.
- Módulo da atenção compartilhada: Capacidade que o sujeito tem de formar relações entre ele próprio, outras pessoas e os objetos percebidos.
- Módulo da teoria da mente: Capaz de integrar percepção, desejo, intenção e crenças a fim de dar origem a uma construção teórica coerente que possa ajudá-lo a compreender o comportamento do outro e modular sua ação.
A Psicologia Evolucionista estuda a representação cerebral da teoria da mente. Começa seus estudos com chimpanzés e aos poucos chega a formulações teóricas a respeito do funcionamento cerebral humano.
A representação cerebral da teoria da mente:
A rede neural envolvida na Teoria da Mente é bastante ampla. Três áreas cruciais estão relacionadas: o lobo temporal, o córtex parietal inferior e o lobo frontal.
Estudos têm sugerido a participação de neurônios-espelho nesse funcionamento cognitivo. Esse é um tipo específico de neurônios capazes de "imitar" internamente uma ação observada do mundo externo. Ou seja, é responsável por espelhar inconscientemente ações motoras de outras pessoas (ressonância empática).
"Os neurônios-espelho foram relacionados a várias modalidades de comportamento humano, como a capacidade de imitar, aprender novas habilidades, compreender a intenção de outros humanos e com a Teoria da Mente, sendo que a sua disfunção poderia estar envolvida com a gênese do autismo." (p.179)
Alguns testes utilizados para investigar o funcionamento da teoria da mente:
- Teste Sally-Anne
- Histórias com o uso de blefes, erros ou persuasão, através de material visual, para investigar a capacidade de inferir o estado mental de si e do outro.
- Testes para avaliar a capacidade de compreensão da intencionalidade por trás da fala direta, metáfora e ironia, para avaliar os diferentes níveis de intencionalidade.
BIBLIOGRAFIA:Diniz-Malloy LF, Fuentes D, Mattos P, Abreu N e col - Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010; Cap. 16 - Reconhecimento de emoções.
Atendimento Psicológico - em Botafogo
Contato: jessicacalderon.psi@gmail.com
Jéssica Calderon - CRP: 05/39344
Hoje esse conceito é usado tanto pela Psicologia do Desenvolvimento, como pela Psicologia Cognitiva e Psicologia Evolucionista. Cada uma dessas áreas aborda o termo de forma diferente.
A importância da Teoria da Mente reside no fato deste termo tratar de aspectos importantes do comportamento social humano. É através deste recurso cognitivo que o homem pode reconhecer e interpretar expressões como ironia, metáfora, dissimulação, sofrimento, interesse e falsidade. É através da teoria da mente que podemos prever que idéias o outro pode estar formulando a nosso respeito, podemos antecipar eventos e tomar decisões cruciais em nosso meio social.
A Psicologia do Desenvolvimento fala da origem desta habilidade em crianças. Propõe que a teoria da mente, assim como a maturação de outras funções cerebrais, ocorre numa sequência de aquisições. Primeiro a criança é capaz de perceber a si mesma (+/- aos 12 meses), depois percebe o outro (por ex: a mãe) e, por fim, perceberia o objeto (atenção compartilhada). Após esse período, a criança desenvolveria habilidades mais complexas: distinção entre eventos reais e hipotéticos, perceber seu reflexo no espelho e distinguir falsas crenças (crença que não é congruente com a realidade por contar apenas com informações que foram percebidas parcialmente em uma situação específica).
A Psicologia Cognitiva explica a Teoria da Mente através do modelo de Baron-Cohen (1996). Esse modelo postula que existem 4 módulos cerebrais que interagem e produzem o sistema de "leitura mental" do ser humano.
- Módulo da intencionalidade: O indivíduo interpreta um estímulo a partir de seu desejo ou de sua meta.
- Módulo da direção do olhar: O indivíduo tem a capacidade de perceber o olhar do outro sobre si. E também tem a capacidade de inferir se olhar do outro está realmente vendo ou não a mesma coisa que ele vê.
- Módulo da atenção compartilhada: Capacidade que o sujeito tem de formar relações entre ele próprio, outras pessoas e os objetos percebidos.
- Módulo da teoria da mente: Capaz de integrar percepção, desejo, intenção e crenças a fim de dar origem a uma construção teórica coerente que possa ajudá-lo a compreender o comportamento do outro e modular sua ação.
A Psicologia Evolucionista estuda a representação cerebral da teoria da mente. Começa seus estudos com chimpanzés e aos poucos chega a formulações teóricas a respeito do funcionamento cerebral humano.
A representação cerebral da teoria da mente:
A rede neural envolvida na Teoria da Mente é bastante ampla. Três áreas cruciais estão relacionadas: o lobo temporal, o córtex parietal inferior e o lobo frontal.
Estudos têm sugerido a participação de neurônios-espelho nesse funcionamento cognitivo. Esse é um tipo específico de neurônios capazes de "imitar" internamente uma ação observada do mundo externo. Ou seja, é responsável por espelhar inconscientemente ações motoras de outras pessoas (ressonância empática).
"Os neurônios-espelho foram relacionados a várias modalidades de comportamento humano, como a capacidade de imitar, aprender novas habilidades, compreender a intenção de outros humanos e com a Teoria da Mente, sendo que a sua disfunção poderia estar envolvida com a gênese do autismo." (p.179)
Alguns testes utilizados para investigar o funcionamento da teoria da mente:
- Teste Sally-Anne
- Histórias com o uso de blefes, erros ou persuasão, através de material visual, para investigar a capacidade de inferir o estado mental de si e do outro.
- Testes para avaliar a capacidade de compreensão da intencionalidade por trás da fala direta, metáfora e ironia, para avaliar os diferentes níveis de intencionalidade.
BIBLIOGRAFIA:Diniz-Malloy LF, Fuentes D, Mattos P, Abreu N e col - Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010; Cap. 16 - Reconhecimento de emoções.
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sexta-feira, abril 01, 2011
Reconhecimento de Emoções
Perceber uma face e atribuir-lhe um estado emocional coerente são duas capacidades distintas, com estruturas cerebrais e circuitos neurobiológicos diferentes.
Estudos de neuroimagem sugerem que regiões do córtex inferotemporal e o temporal inferior são responsáveis pela percepção e reconhecimento de faces. Lesão nessas regiões leva a uma incapacidade de reconhecer rostos familiares e famosos - prosopagnosia. Esse sintoma é muito comum em pacientes com demência avançada, onde não reconhecem mais sequer os familiares mais chegados.
A habilidade para perceber e expressar emoções depende de um sistema de distribuição neural, formado pelo sistema límbico, principalmente pela amígdala, pelo hipotálamo e pelo sistema dopaminérgico, além de áreas como giro occipital inferior, giro fusiforme, gânglios da base, córtex parietal direito e o giro temporal inferior.
Independente das diferenças culturais, as expressões faciais são universalmente reconhecidas. Expressões de felicidade, tristeza, raiva, medo, repulsa, surpresa e contemplação podem ser reconhecidas em pessoas de diferentes partes do mundo, mesmo na ausência de palavras. Essas expressões são ditas emoções universais.
Mas, além das emoções universais, exitem também as emoções sociais, como: culpa, vergonha, arrogância e admiração; estas dependem de cada cultura.
Estudos revelam que emoções diferentes são processadas em áreas distintas do cérebro. Por exemplo, há indicativos que o medo é processado na amígdala, enquanto que o nojo nos gânglios basais. Acredita-se também que o hemisfério cerebral direito esteja relacionado às emoções negativas, como: tristeza, medo e raiva. Enquanto que, emoções positivas de alegria, felicidade e surpresa, seriam processada no lado esquerdo do cérebro.
"A habilidade social é algo complexo, que parece se desenvolver a partir de fatores presentes desde o nascimento. A capacidade de reconhecer faces e expressões emocionais tem valor adaptativo, sendo que a correta 'leitura' das emoções no contexto social fornece pistas sobre as condições presentes e, assim, indica as direções que o comportamento de um indivíduo deve seguir, a fim de ser socialmente apropriado." (p.172)
"A capacidade de produzir e reconhecer expressões faciais é um componente importante da comunicação interpessoal, sendo essas expressões usadas em particular para transmitir um estado emocional." (p.174)
BIBLIOGRAFIA:Diniz-Malloy LF, Fuentes D, Mattos P, Abreu N e col - Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010; Cap. 15 - Reconhecimento de emoções.
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Jéssica Calderon - CRP: 05/39344
Estudos de neuroimagem sugerem que regiões do córtex inferotemporal e o temporal inferior são responsáveis pela percepção e reconhecimento de faces. Lesão nessas regiões leva a uma incapacidade de reconhecer rostos familiares e famosos - prosopagnosia. Esse sintoma é muito comum em pacientes com demência avançada, onde não reconhecem mais sequer os familiares mais chegados.
A habilidade para perceber e expressar emoções depende de um sistema de distribuição neural, formado pelo sistema límbico, principalmente pela amígdala, pelo hipotálamo e pelo sistema dopaminérgico, além de áreas como giro occipital inferior, giro fusiforme, gânglios da base, córtex parietal direito e o giro temporal inferior.
Independente das diferenças culturais, as expressões faciais são universalmente reconhecidas. Expressões de felicidade, tristeza, raiva, medo, repulsa, surpresa e contemplação podem ser reconhecidas em pessoas de diferentes partes do mundo, mesmo na ausência de palavras. Essas expressões são ditas emoções universais.
Mas, além das emoções universais, exitem também as emoções sociais, como: culpa, vergonha, arrogância e admiração; estas dependem de cada cultura.
Estudos revelam que emoções diferentes são processadas em áreas distintas do cérebro. Por exemplo, há indicativos que o medo é processado na amígdala, enquanto que o nojo nos gânglios basais. Acredita-se também que o hemisfério cerebral direito esteja relacionado às emoções negativas, como: tristeza, medo e raiva. Enquanto que, emoções positivas de alegria, felicidade e surpresa, seriam processada no lado esquerdo do cérebro.
"A habilidade social é algo complexo, que parece se desenvolver a partir de fatores presentes desde o nascimento. A capacidade de reconhecer faces e expressões emocionais tem valor adaptativo, sendo que a correta 'leitura' das emoções no contexto social fornece pistas sobre as condições presentes e, assim, indica as direções que o comportamento de um indivíduo deve seguir, a fim de ser socialmente apropriado." (p.172)
"A capacidade de produzir e reconhecer expressões faciais é um componente importante da comunicação interpessoal, sendo essas expressões usadas em particular para transmitir um estado emocional." (p.174)
BIBLIOGRAFIA:Diniz-Malloy LF, Fuentes D, Mattos P, Abreu N e col - Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010; Cap. 15 - Reconhecimento de emoções.
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