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sexta-feira, abril 01, 2011

Reconhecimento de Emoções

Perceber uma face e atribuir-lhe um estado emocional coerente são duas capacidades distintas, com estruturas cerebrais e circuitos neurobiológicos diferentes.

Estudos de neuroimagem sugerem que regiões do córtex inferotemporal e o temporal inferior são responsáveis pela percepção e reconhecimento de faces. Lesão nessas regiões leva a uma incapacidade de reconhecer rostos familiares e famosos - prosopagnosia. Esse sintoma é muito comum em pacientes com demência avançada, onde não reconhecem mais sequer os familiares mais chegados.

A habilidade para perceber e expressar emoções depende de um sistema de distribuição neural, formado pelo sistema límbico, principalmente pela amígdala, pelo hipotálamo e pelo sistema dopaminérgico, além de áreas como giro occipital inferior, giro fusiforme, gânglios da base, córtex parietal direito e o giro temporal inferior.

Independente das diferenças culturais, as expressões faciais são universalmente reconhecidas. Expressões de felicidade, tristeza, raiva, medo, repulsa, surpresa e contemplação podem ser reconhecidas em pessoas de diferentes partes do mundo, mesmo na ausência de palavras. Essas expressões são ditas emoções universais.

Mas, além das emoções universais, exitem também as emoções sociais, como: culpa, vergonha, arrogância e admiração; estas dependem de cada cultura.

Estudos revelam que emoções diferentes são processadas em áreas distintas do cérebro. Por exemplo, há indicativos que o medo é processado na amígdala, enquanto que o nojo nos gânglios basais. Acredita-se também que o hemisfério cerebral direito esteja relacionado às emoções negativas, como: tristeza, medo e raiva. Enquanto que, emoções positivas de alegria, felicidade e surpresa, seriam processada no lado esquerdo do cérebro.

"A habilidade social é algo complexo, que parece se desenvolver a partir de fatores presentes desde o nascimento. A capacidade de reconhecer faces e expressões emocionais tem valor adaptativo, sendo que a correta 'leitura' das emoções no contexto social fornece pistas sobre as condições presentes e, assim, indica as direções que o comportamento de um indivíduo deve seguir, a fim de ser socialmente apropriado." (p.172)

"A capacidade de produzir e reconhecer expressões faciais é um componente importante da comunicação interpessoal, sendo essas expressões usadas em particular para transmitir um estado emocional." (p.174)


BIBLIOGRAFIA:Diniz-Malloy LF, Fuentes D, Mattos P, Abreu N e col - Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010; Cap. 15 - Reconhecimento de emoções.


Atendimento Psicológico - em Botafogo
Contato: jessicacalderon.psi@gmail.com
Jéssica Calderon - CRP: 05/39344

3 comentários:

  1. Olá Jéssica,
    Meu nome é Bárbara e pesquisando sobre reconhecimento de emoções encontrei o seu blog.
    Sou estudante de Psicologia da UFBA e estou fazendo uma pesquisa sobre reconhecimento de emoções em idosos.
    No nosso experimento tiramos fotos com atores representando as seis emoções básicas e amostramos p/ trinta idosos que deveriam avalia-las, respondendo a um questionário.
    Como vi que vc é especialista em Psicogeriatria, será que teria alguma pesquisa ou algum dado para compartilhar com relação o reconhecimento de emoções em idosos?
    Apenas encontramos estudos em crianças altistas e em outros grupos que não este.
    Se puder compartilhar alguma informação, desde já obrigada.

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  2. Olá, Bárbara,

    Conversei com minha supervisora da Especialização sobre sua dúvida, pois ela está bem mais a par das pesquisas na área do que eu. Ela me passou o seguinte:

    Não sabemos de pesquisas que falem sobre qualquer prejuízo na capacidade de reconhecimento de emoções em idosos saudáveis. Parece que em idosos saudáveis não há qualquer alteração na capacidade de reconhecer emoções.


    Porém, existem sim pesquisas que falam sobre esse tipo de comprometimento em idosos com alguma lesão cerebral. Isso pode ocorrer.
    Neste caso, é mais fácil que o idoso tenha uma inabilidade para reconhecer emoções nos outros do que em si próprio.
    Isto porque o comprometimento por um processo neurodegenarativo tende a atingir primeiro regiões mais recentemente formadas e só posteriormente atinge as regiões mais primitivas.
    A área cerebral diretamente relacionada a capacidade de reconhecimento de emoções externas é o lobo frontal, estrutura que se desenvolve mais tarde, por isso mais facilmente atingida.
    Já a capacidade de reconhecer as próprias emoções está ligada ao funcionamento do sistema límbico, que é uma estruta anterior, é mais primitiva em termos do curso do desenvolvimento cerebral. É como se fosse, de certa forma, uma área mais protegida.

    Também existem pesquisas que falam sobre alterações na capacidade de reconhecer emoções em pessoas com depressão, mas isso independe da idade.

    O que se sabe é que pessoas deprimidas teriam mais facilidade para o reconhecimento de emoções negativas em si e no outro (por espelhamento, por empatia) e menos capacidade de reconhecer emoções positivas.

    Um bom site para que você pesquise é o Pubmed:
    http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/

    Se precisar de qualquer outra informação, só perguntar! Só me mandar um e-mail, utilizo mais jessica84calderon@gmail.com

    E se eu souber de alguma pesquisa específica, te encaminho.

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  3. Jéssica muito obrigada, as suas informações me ajudarão bastante, me dando suporte para avaliar junto com meu grupo os resultados do nosso experimento.
    Até mais.

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