A gente cresce na relação com o outro.
sexta-feira, novembro 04, 2011
O poder benéfico do pensamento negativo
O pensamento positivo (senso comum) professa que encararemos as tragédias como sinais de boa aventurança. "Estava tão furiosa com a ideia de que o bem surge de todo desastre que, motivada pela perda do meu pai, resolvi escrever um livro", conta a jornalista inglesa Virgina Ironside, autora de You'll Get Over It: The Rage of Bereavement (Você Supera: A Raiva do Luto, sem tradução no Brasil). "O pensamento positivo não somente nos força à celebração quando ficamos doentes como também sugere a ideia louca de que pessoas felizes nunca adoecem", revolta-se.
Pessimismo defensivo
No manual de autossabotagem The Positive Power of Negative Thinking: Using Defensive Pessimism to Harness Anxiety and Perform at Your Peak (O Poder do Pensamento Negativo - Usando o Pessimismo Defensivo para Aproveitar Sua Ansiedade e Jogar Sua Performance Lá em Cima, 250 mil cópias vendidas desde 2001, inédito no Brasil), Julie qualifica o pessimismo defensivo como uma tática para situações específicas em que se necessita manejar medo ou desespero. "Os pessimistas defensivos se preparam para uma situação derrubando suas expectativas; seguem o princípio de que tudo pode dar errado. A ideia é criar tantos cenários de apocalipse que se bloqueia qualquer entrada possível para um desastre", explica ela. Ou seja: a melhor maneira de não dar sopa para o azar é... dar sopa para o azar.
Descrença salvadora
Como Cioran, os bons pessimistas costumam ser ranzinzas. É o caso do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que, ao mesmo tempo em que descrê no ser humano, não deixa de criar espaços para sua fruição e seu conforto. Ou de Rubem Braga, que, se nas crônicas usava prosa terna e fluida, ao vivo nem sequer mostrava os dentes.
Mas o pessimismo só tem charme se tiver o humor como espinha dorsal. Reclamar sem tirar onda torna qualquer um um mala sem alça. Por outro lado, o humor não vive sem pessimismo - o mais universal dos piadistas, a lei da gravidade, comprova que cair, não levantar, é o que nos humaniza. Em crônica recente, o poeta Fabrício Carpinejar exalta o ranzinza de resultados: "O otimista é frouxo, repete as mesmas frases genéricas, como 'precisa crer' ou 'tenha esperança'. O pessimista é pessoal, persuasivo, abrirá seus segredos com desembaraço (...). Do veneno alheio, surgirão sabedoria, ensinamento, conselhos. Orgulho-me desse humor brasileiro. Daquele cara que deu tudo errado e ainda acha graça. Não confio em sujeito com felicidade de sobra".
Um reflexo à teoria do pessimismo defensivo é a Lei de Murphy - "Se algo pode dar errado, dará". Reflexão sobre o mistério gravitacional que faz com que a face da torrada untada com manteiga atraia irremediavelmente o chão imundo, a lei foi criada pelo engenheiro aeroespacial Edward Murphy e veio à luz, veja só, no mesmo ano de O Poder do Pensamento Negativo.
* Conteúdo do site VIDA SIMPLES.
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sexta-feira, outubro 28, 2011
Cuidados paliativos ao fim da vida (na demência)
O envelhecimento é um processo heterogeneo que ocorre de forma singular para cada pessoa. E, ainda considerando a mesma pessoa, o envelhecimento de cada órgão também terá ritmo próprio. É por isso que pode ocorrer das funções mentais às vezes irem perdendo seu bom funcionamento antes das funções de outros órgãos. É o que comumente acontece com sujeitos demenciados, a memória se vai juntamente com outras capacidades cognitivas apesar deste ainda gozar de uma excelente saúde física.
(Burlá, 2002, apud Burlá, 2006)
Contudo, esse envelhecimento que se inicia em determinados órgãos antes de outros, não ficará estagnado, mas a tendência é que se alastre como num efeito dominó para o resto do organismo.
"Quando um órgão passa a funcionar mal, num 'efeito dominó', compromete o funcionamento de um segundo, depois, um terceiro e assim sucessivamente. O paciente fica num estado de grande fragilidade e seu controle terapêutico se torna muito complexo." (Burlá, 2006, p. 320)
Em casos de doenças irreversíveis, como num processo demencial, o tratamento é, em grande parte, caracterizado por cuidados paliativos.
"A paliação é um conjunto de intervenções farmacológicas e não-farmacológicas que busca aliviar o sofrimento do paciente. Essas intervenções não são voltadas para a cura, mas sim para o alívio dos sintomas que angustiam e afligem o paciente..." (Burlá, 2006, p. 320)
O tratamento paliativo na demência compreende o controle de sintomas comportamentais e psicológicos e, como tais sintomas se fazem sentir no dia-a-dia do paciente junto às pessoas com quem vive, o cuidador familiar é figura muito atuante na administração de tais cuidados.
Diante da impossibilidade de cura, os cuidados paliativos têm por objetivo: aliviar sintomas, possibilitar melhor qualidade de vida ao paciente, controlar as complicações clínicas e minimizar o sofrimento e a dor.
Os homens só sobrevivem pela ação do "tomar conta", o que persiste e permite a existência de todos nós. Cuidado, tão simples, tão especial e tão imprescindível à vida dos seres humanos. (Burlá, 2006)
Burlá (2006) cita como características importantes para um bom cuidado paliativo a capacidade de compreensão, empatia e bom humor por parte do cuidador. Mas será isto é possível diante de todo o estresse que pode envolver o cuidado de um familiar com demência? Minha resposta a esta pergunta é "Sim, isto é possível!" Para auxiliar na construção de um cuidado que contemple esses três aspectos, acredito ser fundamental a compreensão do que é a doença que acomete o sujeito, a compreensão do sofrimento e angústia do próprio paciente e a valorização de espaços criados para que o cuidador também possa se cuidar.
Apesar do cuidar ser algo inerente a vida humana, quando falamos em cuidado de familiares idosos e demenciados isto contempla dor e sofrimento para quem cuida. Com a evolução de uma doença incurável, o familiar cuidador irremediávelmente enfrentará um desgaste físico, emocional e financeiro. Por isto se faz tão importante um acompanhamento profissional que possa dar suporte também ao cuidador, seja através de grupos psicoeducativos ou mesmo atendimento em psicoterapia.
O cuidado tão próximo exigido por uma doença incurável e que inexoravelmente leva à morte mobiliza nessa relação paciente-cuidador uma série de afetos importantes e intensos.
"Acompanhar uma pessoa acometida de uma doença incurável até a sua fase avançada é uma experiência revestida de intensa significação, especialmente se ela apresentar comprometimento da consciência ou cognição. Sua capacidade de interação com o mundo fica prejudicada, o que exige dos seus familiares e cuidadores disponibilidade interna, pois acompanhar um ente significativo no processo de morte é tarefa que provoca profundo exaurimento emocional. Essa é a hora dos grandes resgates e resoluções de pendências, algo que o curso da doença crônica, diferentemente das mortes súbitas e inesperadas, permite." (Burlá, 2006, p. 326)
BIBLIOGRAFIA:
MEDEIROS, S.A.R. – “Envelhecimento e cuidados ao fim da vida”. In: Ligia Py. [et al] (Org.) – 2 ed. – Holambra, SP; Editora Setembro, 2006.
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terça-feira, outubro 25, 2011
Quem vai cuidar de mim quando eu ficar velho?
O século XXI é marcado por uma profunda transformação no que vem a ser velhice.
O século passado, a despeito de um desejo geral de longevidade, foi caracterizado por uma expectativa de vida bem inferior ao que presenciamos hoje. No Brasil, por exemplo, a expectativa de vida era de 33,7 anos em 1900; atualmente ultrapassamos a caso dos 65 anos, segundo dados do IBGE. (Censo, 2003)
Através de pesquisas na área da saúde, do avanço da genética, da criação de políticas públicas e do desenvolvimento da infra-estrutura sanitária a tão sonhada vida longa chegou e o perfil demográfico da população vai progressivamente tornando-se mais velho. No entanto, qual o espaço possível para os idosos na sociedade de na família atuais?
Pensar no velho na família contempla aspectos diversos.
Segundo Medeiros (2006), os idosos, em geral, não ocupam mais o lugar de saber que outrora lhe era destinado. Com o advento tecnológico, os netos sabem mais que os avós. Através da informática e das mídias digitais nominadas pelos mais jovens a informação é facilmente acessada a um clique. Apesar da experiência acumulada, o vovô não é mais aquele que "sabe das coisas".
Por outro lado, o idoso não necessariamente está relegado a um lugar marginal e de desprestígio na sociedade e na família. Prova isto o fato de muitos destes serem responsáveis por lares ou contribuirem de forma significativa para o orçamento familiar. Segundo dados do Censo de 2000, lares com idosos apresentam melhor condição de vida, pois contam com benefícios da seguridade social. (Medeiros, 2006)
Além da contribuição financeira, nos lares onde estão inseridos, os idosos prestam cuidados às crianças e às pessoas doentes na família. Este cuidado tem valor prático e afetivo. Essa relação de cuidado inter-geracional serve como via de trocas de carinho, histórias, valores, apoio e motivação. (Oliveira, 1999 apud Medeiros, 2006)
BIBLIOGRAFIA:
MEDEIROS, S.A.R. – “O lugar do velho no contexto familiar”. In: Ligia Py. [et al] (Org.) – 2 ed. – Holambra, SP; Editora Setembro, 2006.
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terça-feira, maio 10, 2011
O que é importante saber... na fase leve do Alzheimer?
Segue algumas informações que julgo importantes para cuidadores de pacientes no estágio leve da doença.
* É demência ou é Alzheimer?
Demência é um termo utilizado para descrever pessoas com progressiva alteração de memória, geralmente memória para fatos recentes. E, além da perda de memória, está associado também ao quadro, dificuldade em outras áreas como linguagem, planejamento e execução de ações.
A demência é uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas que pode ter diferentes causas.
A causa mais comum de demência é a Doença de Alzheimer, porém existem outras causas, como, por ex., repetidas isquemias cerebrais (redução localizada do fluxo sanguíneo no cérebro) que causam pequenas lesões que vão se somando e levam ao quadro de demência vascular.
Ou seja, todas as pessoas com Alzheimer têm demência, mas nem toda demência é Alzheimer.
* Falar ou não sobre o diagnóstico ao paciente?
Revelar o diagnóstico ao paciente faz mais sentido na fase inicial da doença. Já na fase avançada, a pessoa dificilmente conseguirá apreender o significado de ter a doença. De qualquer forma, a decisão sobre contar ou não ao paciente, deve ser uma decisão pensada pela família e considerada caso-a-caso. Às vezes, pouco ajuda ao paciente dizer-lhe: "Você tem Alzheimer!"; essa informação pode não contribuir para seu bem-estar. Por outro lado, não podemos desconsiderar que o "não saber" também pode ser fonte de angústia. Não é possível negar que algo está se passando. E existem maneiras de se contar.
* Como funciona o tratamento farmacológico?
Na doença de Alzheimer ocorre numa perda de neurônios. No início da doença são perdidos principalmente neurônios que usam como mensageiro químico um neurotransmissor chamado acetil-colina e essa perda se dá principalmente nas áreas relacionadas responsáveis pela memória e pelo comportamento.
A perda de neurônios que produzem a acetil-colina faz com que menor quantidade desse neurotransmissor esteja disponível.
A medicação utilizada no tratamento de Alzheimer inibe a degradação da acetil-colina por atuar inibindo a ação da acetil-colinesteras (enzima que degrada a acetil-colina). Por isso, os medicamentos utilizados para este tratamento são chamado anticolinesterásicos (anti a ação da enzima acetilcolinesterase). São estes: DONEPEZIL, GALANTAMINA, RIVASTIGMINA.
Faz sentido mudar a medicação quando esta não funciona ou perde seu efeito.
* "A paciente está fazendo o tratamento há 1 ano e continua do mesmo jeito! Será que o remédio está funcionando?"
Sim, provavelmente o remédio está funcionando! O uso da medicação no Alzheimer (e nas demências em geral) não tem o objetivo de "melhorar" o estado do paciente, ainda que melhoras possam ser percebidas. A medicação nestes casos tem a função de estabilizar e lentificar o progresso da doença.
* Como posso avaliar o progresso da doença?
Observe o paciente no dia-a-dia. Escolha alguns aspectos mais significativos no comportamento do paciente, por exemplo, os mais incômodos ou chamativos, como querer comer a todo hora, e tente verificar se está havendo uma mudança na intensidade e frequência com que o sintoma aparece.
* Como ajudar no tratamento?
O paciente em fase inicial não deve ser tratado como um incapaz. Incentive que ele continue sendo o mais independente quanto for possível. Não faça pelo paciente aquilo que este ainda pode fazer.
Quando as dificuldades já começam a aparecer, é preciso estimulá-lo a fazer atividades que envolvem as capacidades que ele ainda tem preservadas. As capacidades preservadas suprimem, em parte, as já prejudicadas. Insistir para que o paciente faça aquilo que ele não tem mais habilidade é uma pressão desnecessária que pode gerar frustração e irritação.
Por fim, incentive atividades que tenham a ver com os interesses prévios do paciente.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
"Manual do cuidador Doença de Alzheimer na fase leve", Dr. Paulo H. F. Bertulucci, 2006.
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* É demência ou é Alzheimer?
Demência é um termo utilizado para descrever pessoas com progressiva alteração de memória, geralmente memória para fatos recentes. E, além da perda de memória, está associado também ao quadro, dificuldade em outras áreas como linguagem, planejamento e execução de ações.
A demência é uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas que pode ter diferentes causas.
A causa mais comum de demência é a Doença de Alzheimer, porém existem outras causas, como, por ex., repetidas isquemias cerebrais (redução localizada do fluxo sanguíneo no cérebro) que causam pequenas lesões que vão se somando e levam ao quadro de demência vascular.
Ou seja, todas as pessoas com Alzheimer têm demência, mas nem toda demência é Alzheimer.
* Falar ou não sobre o diagnóstico ao paciente?
Revelar o diagnóstico ao paciente faz mais sentido na fase inicial da doença. Já na fase avançada, a pessoa dificilmente conseguirá apreender o significado de ter a doença. De qualquer forma, a decisão sobre contar ou não ao paciente, deve ser uma decisão pensada pela família e considerada caso-a-caso. Às vezes, pouco ajuda ao paciente dizer-lhe: "Você tem Alzheimer!"; essa informação pode não contribuir para seu bem-estar. Por outro lado, não podemos desconsiderar que o "não saber" também pode ser fonte de angústia. Não é possível negar que algo está se passando. E existem maneiras de se contar.
* Como funciona o tratamento farmacológico?
Na doença de Alzheimer ocorre numa perda de neurônios. No início da doença são perdidos principalmente neurônios que usam como mensageiro químico um neurotransmissor chamado acetil-colina e essa perda se dá principalmente nas áreas relacionadas responsáveis pela memória e pelo comportamento.
A perda de neurônios que produzem a acetil-colina faz com que menor quantidade desse neurotransmissor esteja disponível.
A medicação utilizada no tratamento de Alzheimer inibe a degradação da acetil-colina por atuar inibindo a ação da acetil-colinesteras (enzima que degrada a acetil-colina). Por isso, os medicamentos utilizados para este tratamento são chamado anticolinesterásicos (anti a ação da enzima acetilcolinesterase). São estes: DONEPEZIL, GALANTAMINA, RIVASTIGMINA.
Faz sentido mudar a medicação quando esta não funciona ou perde seu efeito.
* "A paciente está fazendo o tratamento há 1 ano e continua do mesmo jeito! Será que o remédio está funcionando?"
Sim, provavelmente o remédio está funcionando! O uso da medicação no Alzheimer (e nas demências em geral) não tem o objetivo de "melhorar" o estado do paciente, ainda que melhoras possam ser percebidas. A medicação nestes casos tem a função de estabilizar e lentificar o progresso da doença.
* Como posso avaliar o progresso da doença?
Observe o paciente no dia-a-dia. Escolha alguns aspectos mais significativos no comportamento do paciente, por exemplo, os mais incômodos ou chamativos, como querer comer a todo hora, e tente verificar se está havendo uma mudança na intensidade e frequência com que o sintoma aparece.
* Como ajudar no tratamento?
O paciente em fase inicial não deve ser tratado como um incapaz. Incentive que ele continue sendo o mais independente quanto for possível. Não faça pelo paciente aquilo que este ainda pode fazer.
Quando as dificuldades já começam a aparecer, é preciso estimulá-lo a fazer atividades que envolvem as capacidades que ele ainda tem preservadas. As capacidades preservadas suprimem, em parte, as já prejudicadas. Insistir para que o paciente faça aquilo que ele não tem mais habilidade é uma pressão desnecessária que pode gerar frustração e irritação.
Por fim, incentive atividades que tenham a ver com os interesses prévios do paciente.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
"Manual do cuidador Doença de Alzheimer na fase leve", Dr. Paulo H. F. Bertulucci, 2006.
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Principais dúvidas sobre Alzheimer:
- O que é o Alzheimer?
É um tipo de demência que apresenta como principal sintoma a perda de memória. Esta doença foi descrita pela primeira vez pelo médico Alois Alzheimer (daí este nome), em 1907. É erroneamente tratada pela população como "esclerose" ou "caduquice".
Alzheimer não é esclerose! A esclerose múltipla é outra doença que também afeta o cérebro, além do cordão espinhal. Esta pode causar sintomas como: alteração nas sensações, problemas visuais, franqueza muscular, depressão e dificuldades de fala e coordenação.
Alzheimer não é caduquise! Caduquise é um termo popular e pejorativo utilizado para dizer que alguém perdeu parcialmente o juízo em decorrência da idade. "Fulano está caducando!"
- Quais são as fases da doença?
São 3 os estágios ou fases da doença: "inicial, intermediário e final" ou "leve, moderado e grave". Os sintomas que caracterizam cada fase, em geral, são:
FASE LEVE:
- Falta de memória recente (ex: o que almoçou no dia anterior)
- Dificuldades com atividades diárias habituais
- Dificuldades de expressar pensamentos
- Alterações imprevisíveis de humor e personalidade
- Menos desejo de fazer e conhecer coisas e pessoas
- Esquecimento de palavras comuns ou utilização de palavras incorretas
- Confusão em relação ao local, dia e horário
FASE MODERADA:
- Perda das memórias mais antigas
- Dificuldade para comer, controlar as funções excretórias de urinar e defecar
- Perda total de julgamento e concentração
- Incapacidade de ocupar-se com a higiene pessoal
- Depressão
FASE GRAVE:
- Infecções constantes
- Agravamento de doenças "comuns"
- Incapacidade total de se alimentar e beber água
- Incapacidade de controle dos movimentos, inclusive a total perda de locomoção (apraxia)
- Perda da capacidade da fala (afasia)
Tenho um parente próximo com Alzheimer, posso também desenvolver a doença?
Não se deve viver atemorizado com a possibilidade de desenvolver a doença. Como a causa desta ainda não foi descoberto, não há como separar a base genética dos fatores ambientais que propiariam este quadro.
É possível prevenir?
Acredita-se que o Alzheimer pode ser prevenido, pode-se adiar seu surgimento, através da realização de atividades intelectuais, que manteriam o cérebro ativo. O Alzheimer ataca inicialmente as sinapses (conexão entre os neurônios). Pessoas mais intelectualizadas formam mais sinapses, por isso, para que os sintomas da doença apareçam é preciso que uma maior área cerebral seja atingida. Isto não significa que os intelectuais não possam vir a sofrer de Alzheimer, porém o início tende a ser bem mais tardio e a maneira como a doença se apresenta é menos danosa.
Poupar o cérebro de danos também diminui as chances de desenvolver a doença, isso pode ser feito mantendo a circulação cerebral na melhor condição possível. Por isso, a importância de controlar a hipertensão arterial, a diabetes e o colesterol através de uma alimentação saudável, não abusar de bebidas e cigarro e fazer atividades físicas. "Atividades físicas, dieta saudável e controle de doenças como diabetes reduzem os riscos. Já quem fuma e bebe álcool tem mais chances de desenvolver a doença." diz Rita Ferreira, psiquiatra do Hospital das Clínicas, USP.
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Alzheimer_My name is Lisa
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Doença de Alzheimer: principais causas e cuidados
A doença de Alzheimer causa perda de memória e atinge 5 em cada 100 brasileiros com mais de 70 anos; e essa porcentagem cresce com o avançar da idade, estima-se que 40% da população acima dos 90 anos sofra da doença.
Perda de memória, dificuldade para realizar atividades simples, mudanças de humor e comportamento agressivo. Muitos acham que esses sintomas são "coisas de velho", mas eles podem ser sinais do mal de Alzheimer, doença que ataca o cérebro e não tem cura.
Segundo a psiquiatra Rita Ferreira, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, é possível prevenir o surgimento desse mal. "Atividades físicas, dieta saudável e controle de doenças como diabetes reduzem os riscos", explica. Já quem fuma e bebe álcool tem mais chances de desenvolver a doença.
7 dúvidas sobre o Alzheimer...
1. O que causa a doença? A causa é ainda desconhecida. Os médicos e pesquisadores defendem que a base genética aliado o meio ambiente desempenham um papel importante neste processo. Em alguns casos, observa-se que a doença se apresenta após um distúrbio emocional, apontando para a existência de um gatilho externo que inicia o curso da doença.
2. Como é descoberta? Por meio de testes que avaliam juízo, atenção, percepção, memória, raciocínio, imaginação, pensamento e linguagem. Outros exames, como tomografia cerebral e ressonância magnética, também ajudam a confirmar a doença.
3. Há algum tratamento? Sim, feito com remédios e terapias específicas para reabilitar as funções neuropsicológicas. O tratamento é fundamental e deve ser iniciado o mais rápido possível, para deter o avanço da doença.
4. Tenho um parente com Alzheimer, devo me prevenir? Sim. Fique atenta aos sintomas e procure um médico caso perceba algum sinal da doença.
5. E se ele não me reconhecer nunca mais? Há quem viva uma perda semelhante ao luto, que tende a piorar com a evolução da doença. Procure um psicólogo ou converse com o médico do paciente para enfrentar essa situação dolorosa.
6. O que digo às crianças quando o avô delas não as reconhecer? Fale a verdade. Conte a elas que o vovô tem uma doença que o faz perder a memória. Mesmo assim, estimule seu filho a participar de atividades junto ao avô.
7. Como deixar o paciente mais confortável? Ao perder a memória, o doente pode se sentir muito confuso. Por isso, não insista nem pressione para que ele se lembre de alguma coisa, só ajude-o a se situar no momento presente. Se nada adiantar, convide-o para dar um passeio e mude de ambiente. Sua postura é o que fará a diferença.
Aprendendo a cuidar de um paciente...
- Estabeleça rotinas
Elas representam uma segurança para o paciente.
- Incentive a independência
Faça as coisas com o idoso e não por ele. Respeite-o e preserve sua capacidade atual de realizar atividades cotidianas, como lavar louça ou fazer compras.
- Evite confrontos
Por mais que algumas atitudes pareçam de propósito, lembre-se de que a doença causa agitação e agressividade no paciente.
- Perguntas simples
Evite dar várias opções de escolha. Diga "Você quer uma laranja?" em vez de "Que fruta você quer?".
- Procure manter o bom humor
A gente sabe que não é fácil lidar com essa situação de forma leve e descontraída, mas o esforço é fundamental. Tente rir junto com o doente ou com as pessoas que estão ao redor, para aliviar o clima. Tente ser uma companheira compreensiva e amorosa.
- Previna acidentes
É preciso adaptar o ambiente para evitar acidentes. Na fase inicial da doença o monitoramento é o mesmo para qualquer pessoa idosa, como a prevenção de quedas. Além disso, é preciso estar atento ao passo-a-passo do paciente, quando este manipula objetos cortantes, cozinha, utiliza o gás, faz uso de medicação, etc.
- Cuidados com a limpeza e higiene
Conforme a doença progride o idoso começa, por exemplo, a esquecer do banho ou mesmo se recusa a fazê-lo. Por isso, é importante estar atento a hábitos de higiene, em geral, como trocar de roupa, trocar a roupa de cama, escovar os dentes, lavar a louça, etc.
- Torne o ambiente familiar
Em determinado estágio da doença, muitos idosos não reconhecem mais as pessoas, nem o ambiente onde vivem. Para tentar minimizar esses sintomas aconselha-se colocar porta-retratos com fotos da casa e da família para ajudar o paciente a se situar.
Texto publicado na revista Ana Maria. (essa versão está editada!)
Publicado em 11/01/2011 Escrita por Lorena Verli e Roberta Cerasoli.
Link: http://mdemulher.abril.com.br/saude/reportagem/prevencao-trata/mal-alzheimer-principais-causas-cuidados-615088.shtml
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Perda de memória, dificuldade para realizar atividades simples, mudanças de humor e comportamento agressivo. Muitos acham que esses sintomas são "coisas de velho", mas eles podem ser sinais do mal de Alzheimer, doença que ataca o cérebro e não tem cura.
Segundo a psiquiatra Rita Ferreira, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, é possível prevenir o surgimento desse mal. "Atividades físicas, dieta saudável e controle de doenças como diabetes reduzem os riscos", explica. Já quem fuma e bebe álcool tem mais chances de desenvolver a doença.
7 dúvidas sobre o Alzheimer...
1. O que causa a doença? A causa é ainda desconhecida. Os médicos e pesquisadores defendem que a base genética aliado o meio ambiente desempenham um papel importante neste processo. Em alguns casos, observa-se que a doença se apresenta após um distúrbio emocional, apontando para a existência de um gatilho externo que inicia o curso da doença.
2. Como é descoberta? Por meio de testes que avaliam juízo, atenção, percepção, memória, raciocínio, imaginação, pensamento e linguagem. Outros exames, como tomografia cerebral e ressonância magnética, também ajudam a confirmar a doença.
3. Há algum tratamento? Sim, feito com remédios e terapias específicas para reabilitar as funções neuropsicológicas. O tratamento é fundamental e deve ser iniciado o mais rápido possível, para deter o avanço da doença.
4. Tenho um parente com Alzheimer, devo me prevenir? Sim. Fique atenta aos sintomas e procure um médico caso perceba algum sinal da doença.
5. E se ele não me reconhecer nunca mais? Há quem viva uma perda semelhante ao luto, que tende a piorar com a evolução da doença. Procure um psicólogo ou converse com o médico do paciente para enfrentar essa situação dolorosa.
6. O que digo às crianças quando o avô delas não as reconhecer? Fale a verdade. Conte a elas que o vovô tem uma doença que o faz perder a memória. Mesmo assim, estimule seu filho a participar de atividades junto ao avô.
7. Como deixar o paciente mais confortável? Ao perder a memória, o doente pode se sentir muito confuso. Por isso, não insista nem pressione para que ele se lembre de alguma coisa, só ajude-o a se situar no momento presente. Se nada adiantar, convide-o para dar um passeio e mude de ambiente. Sua postura é o que fará a diferença.
Aprendendo a cuidar de um paciente...
- Estabeleça rotinas
Elas representam uma segurança para o paciente.
- Incentive a independência
Faça as coisas com o idoso e não por ele. Respeite-o e preserve sua capacidade atual de realizar atividades cotidianas, como lavar louça ou fazer compras.
- Evite confrontos
Por mais que algumas atitudes pareçam de propósito, lembre-se de que a doença causa agitação e agressividade no paciente.
- Perguntas simples
Evite dar várias opções de escolha. Diga "Você quer uma laranja?" em vez de "Que fruta você quer?".
- Procure manter o bom humor
A gente sabe que não é fácil lidar com essa situação de forma leve e descontraída, mas o esforço é fundamental. Tente rir junto com o doente ou com as pessoas que estão ao redor, para aliviar o clima. Tente ser uma companheira compreensiva e amorosa.
- Previna acidentes
É preciso adaptar o ambiente para evitar acidentes. Na fase inicial da doença o monitoramento é o mesmo para qualquer pessoa idosa, como a prevenção de quedas. Além disso, é preciso estar atento ao passo-a-passo do paciente, quando este manipula objetos cortantes, cozinha, utiliza o gás, faz uso de medicação, etc.
- Cuidados com a limpeza e higiene
Conforme a doença progride o idoso começa, por exemplo, a esquecer do banho ou mesmo se recusa a fazê-lo. Por isso, é importante estar atento a hábitos de higiene, em geral, como trocar de roupa, trocar a roupa de cama, escovar os dentes, lavar a louça, etc.
- Torne o ambiente familiar
Em determinado estágio da doença, muitos idosos não reconhecem mais as pessoas, nem o ambiente onde vivem. Para tentar minimizar esses sintomas aconselha-se colocar porta-retratos com fotos da casa e da família para ajudar o paciente a se situar.
Texto publicado na revista Ana Maria. (essa versão está editada!)
Publicado em 11/01/2011 Escrita por Lorena Verli e Roberta Cerasoli.
Link: http://mdemulher.abril.com.br/saude/reportagem/prevencao-trata/mal-alzheimer-principais-causas-cuidados-615088.shtml
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segunda-feira, maio 09, 2011
Como um portador de Alzheimer se sente?
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terça-feira, abril 05, 2011
Habilidades Sociais
Habilidades sociais são comportamentos que ocorrem dentro das relações interpessoais e têm como finalidade comunicar com precisão emoções, sentimentos, opiniões, atitudes, direitos e necessidades pessoais. Tais comportamentos são sancionados culturalmente com normas e códigos sociais. As habilidades sociais abrangem comportamentos verbais e não-verbais (como ex: o reconhecimento de emoções em faces).
A competência quanto às habilidades sociais é avaliada pela capacidade de emitir comportamentos adequados a cada contexto social específico.
"A competência social é um atributo avaliativo de desempenho social, baseado na funcionalidade e na coerência com os pensamentos e sentimentos do indivíduo. Deve-se considerar que, em muitos casos, a pessoa possui as habilidades em seu repertório, mas não as utiliza em determinadas situações por diversas razões, entre as quais estão: ansiedade, crenças errôneas e dificuldade de leitura dos sinais do ambiente." (Del Prette e Del Prette, 2001 apud Roca, Polisel, Mattos e Silva, 2010; p.184)
Existem reações sociais não habilidosas. Estas podem ser classificadas como passivas ou ativas.
As relações sociais não habilidosas passivas são comportamentos tais como: mágoa, ressentimento, ansiedade e/ou esquiva ou fuga das demandas interpessoais ao invés do enfrentamento.
Já as relações sociais não habilidosas ativas configuram-se em: comportamentos agressivos (físicos ou verbais), negativismo, irônias, autoritarismo e comportamentos coercitivos.
Como comportamentos socialmente competentes temos como exemplo a assertividade, que nada mais é que o exercício de defesa dos próprios direitos sem, com isso, ferir os direitos alheios e com controle da ansiedade.
"Pressupõe-se que pessoas hábeis socialmente apresentam relações pessoais e profissionais mais produtivas, satisfatórias e duradouras. Em contrapartida, os déficits e comprometimentos dessas habilidades geralmente se associam a dificuldades e conflitos nas relações interpessoais, a uma pior qualidade de vida e a diversos tipos de transtornos psicológicos, tais como: timidez, isolamento social, delinquência infantil, desajustamento escolar, suicídio e problemas conjugais. (Del Prette e Del Prette, 2001, apud Roca, Polisel, Mattos e Silva, 2010; p.184)
As habilidades sociais começam a se desenvolver na infância e vão sendo aprimoradas ao longo da vida com as demandas relacionais que aparecem na família, na sociedade e na vida ocupacional.
Quando as crianças assimilam normas, valores e expectativas do seu ambiente vão se tornando mais competentes socialmente.
"Para que os pais promovam comportamentos adequados em seus filhos, eles também precisam emitir comportamentos adequados e demonstrar assertividade ao invés de agressividade." (Silva, 2000 apud Roca, Polisel, Mattos e Silva, 2010; p.186)
Para ajudar no desenvolvimento de habilidades sociais, os estudos e pesquisas sugerem que os pais adotem determinadas posturas em relação a seus filhos, a saber:
- Dialogar com as crianças, ajudaria a transmitir padrões, valores e normas de comportamento cultural.
- Expressar sentimentos de agrado e desagrado em relação ao comportamento do filho, auxiliaria na discriminação entre comportamentos adequados e inadequados.
- Não agir de forma punitiva, pois isto geraria medo, ansiedade, culpa e doenças psicossomáticas.
- Cumprir as promessas feitas aos filhos, pois isto gera confiança no relacionamento.
- Estabelecer limites, regras e dizer "não" para pedidos que não estejam de acordo com as possibilidades dos pais.
- Os pais devem se desculpar com os filhos quando estão errados, isto os ensinaria que também podem errar e admitir seus erros.
Existem programas de treinamento em habilidades sociais que visam a melhorar o desempenho social das pessoas, melhorando sua adaptação ao meio.
BIBLIOGRAFIA:Diniz-Malloy LF, Fuentes D, Mattos P, Abreu N e col - Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010; Cap. 17 - Reconhecimento de emoções.
Atendimento Psicológico - em Botafogo
Contato: jessicacalderon.psi@gmail.com
Jéssica Calderon - CRP: 05/39344
A competência quanto às habilidades sociais é avaliada pela capacidade de emitir comportamentos adequados a cada contexto social específico.
"A competência social é um atributo avaliativo de desempenho social, baseado na funcionalidade e na coerência com os pensamentos e sentimentos do indivíduo. Deve-se considerar que, em muitos casos, a pessoa possui as habilidades em seu repertório, mas não as utiliza em determinadas situações por diversas razões, entre as quais estão: ansiedade, crenças errôneas e dificuldade de leitura dos sinais do ambiente." (Del Prette e Del Prette, 2001 apud Roca, Polisel, Mattos e Silva, 2010; p.184)
Existem reações sociais não habilidosas. Estas podem ser classificadas como passivas ou ativas.
As relações sociais não habilidosas passivas são comportamentos tais como: mágoa, ressentimento, ansiedade e/ou esquiva ou fuga das demandas interpessoais ao invés do enfrentamento.
Já as relações sociais não habilidosas ativas configuram-se em: comportamentos agressivos (físicos ou verbais), negativismo, irônias, autoritarismo e comportamentos coercitivos.
Como comportamentos socialmente competentes temos como exemplo a assertividade, que nada mais é que o exercício de defesa dos próprios direitos sem, com isso, ferir os direitos alheios e com controle da ansiedade.
"Pressupõe-se que pessoas hábeis socialmente apresentam relações pessoais e profissionais mais produtivas, satisfatórias e duradouras. Em contrapartida, os déficits e comprometimentos dessas habilidades geralmente se associam a dificuldades e conflitos nas relações interpessoais, a uma pior qualidade de vida e a diversos tipos de transtornos psicológicos, tais como: timidez, isolamento social, delinquência infantil, desajustamento escolar, suicídio e problemas conjugais. (Del Prette e Del Prette, 2001, apud Roca, Polisel, Mattos e Silva, 2010; p.184)
As habilidades sociais começam a se desenvolver na infância e vão sendo aprimoradas ao longo da vida com as demandas relacionais que aparecem na família, na sociedade e na vida ocupacional.
Quando as crianças assimilam normas, valores e expectativas do seu ambiente vão se tornando mais competentes socialmente.
"Para que os pais promovam comportamentos adequados em seus filhos, eles também precisam emitir comportamentos adequados e demonstrar assertividade ao invés de agressividade." (Silva, 2000 apud Roca, Polisel, Mattos e Silva, 2010; p.186)
Para ajudar no desenvolvimento de habilidades sociais, os estudos e pesquisas sugerem que os pais adotem determinadas posturas em relação a seus filhos, a saber:
- Dialogar com as crianças, ajudaria a transmitir padrões, valores e normas de comportamento cultural.
- Expressar sentimentos de agrado e desagrado em relação ao comportamento do filho, auxiliaria na discriminação entre comportamentos adequados e inadequados.
- Não agir de forma punitiva, pois isto geraria medo, ansiedade, culpa e doenças psicossomáticas.
- Cumprir as promessas feitas aos filhos, pois isto gera confiança no relacionamento.
- Estabelecer limites, regras e dizer "não" para pedidos que não estejam de acordo com as possibilidades dos pais.
- Os pais devem se desculpar com os filhos quando estão errados, isto os ensinaria que também podem errar e admitir seus erros.
Existem programas de treinamento em habilidades sociais que visam a melhorar o desempenho social das pessoas, melhorando sua adaptação ao meio.
BIBLIOGRAFIA:Diniz-Malloy LF, Fuentes D, Mattos P, Abreu N e col - Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010; Cap. 17 - Reconhecimento de emoções.
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domingo, abril 03, 2011
Teoria da Mente
O termo "teoria da mente" foi adotado pela Psicologia do Desenvolvimento para descrever o desenvolvimento mental que ocorre na infância e na adolescência.
Hoje esse conceito é usado tanto pela Psicologia do Desenvolvimento, como pela Psicologia Cognitiva e Psicologia Evolucionista. Cada uma dessas áreas aborda o termo de forma diferente.
A importância da Teoria da Mente reside no fato deste termo tratar de aspectos importantes do comportamento social humano. É através deste recurso cognitivo que o homem pode reconhecer e interpretar expressões como ironia, metáfora, dissimulação, sofrimento, interesse e falsidade. É através da teoria da mente que podemos prever que idéias o outro pode estar formulando a nosso respeito, podemos antecipar eventos e tomar decisões cruciais em nosso meio social.
A Psicologia do Desenvolvimento fala da origem desta habilidade em crianças. Propõe que a teoria da mente, assim como a maturação de outras funções cerebrais, ocorre numa sequência de aquisições. Primeiro a criança é capaz de perceber a si mesma (+/- aos 12 meses), depois percebe o outro (por ex: a mãe) e, por fim, perceberia o objeto (atenção compartilhada). Após esse período, a criança desenvolveria habilidades mais complexas: distinção entre eventos reais e hipotéticos, perceber seu reflexo no espelho e distinguir falsas crenças (crença que não é congruente com a realidade por contar apenas com informações que foram percebidas parcialmente em uma situação específica).
A Psicologia Cognitiva explica a Teoria da Mente através do modelo de Baron-Cohen (1996). Esse modelo postula que existem 4 módulos cerebrais que interagem e produzem o sistema de "leitura mental" do ser humano.
- Módulo da intencionalidade: O indivíduo interpreta um estímulo a partir de seu desejo ou de sua meta.
- Módulo da direção do olhar: O indivíduo tem a capacidade de perceber o olhar do outro sobre si. E também tem a capacidade de inferir se olhar do outro está realmente vendo ou não a mesma coisa que ele vê.
- Módulo da atenção compartilhada: Capacidade que o sujeito tem de formar relações entre ele próprio, outras pessoas e os objetos percebidos.
- Módulo da teoria da mente: Capaz de integrar percepção, desejo, intenção e crenças a fim de dar origem a uma construção teórica coerente que possa ajudá-lo a compreender o comportamento do outro e modular sua ação.
A Psicologia Evolucionista estuda a representação cerebral da teoria da mente. Começa seus estudos com chimpanzés e aos poucos chega a formulações teóricas a respeito do funcionamento cerebral humano.
A representação cerebral da teoria da mente:
A rede neural envolvida na Teoria da Mente é bastante ampla. Três áreas cruciais estão relacionadas: o lobo temporal, o córtex parietal inferior e o lobo frontal.
Estudos têm sugerido a participação de neurônios-espelho nesse funcionamento cognitivo. Esse é um tipo específico de neurônios capazes de "imitar" internamente uma ação observada do mundo externo. Ou seja, é responsável por espelhar inconscientemente ações motoras de outras pessoas (ressonância empática).
"Os neurônios-espelho foram relacionados a várias modalidades de comportamento humano, como a capacidade de imitar, aprender novas habilidades, compreender a intenção de outros humanos e com a Teoria da Mente, sendo que a sua disfunção poderia estar envolvida com a gênese do autismo." (p.179)
Alguns testes utilizados para investigar o funcionamento da teoria da mente:
- Teste Sally-Anne
- Histórias com o uso de blefes, erros ou persuasão, através de material visual, para investigar a capacidade de inferir o estado mental de si e do outro.
- Testes para avaliar a capacidade de compreensão da intencionalidade por trás da fala direta, metáfora e ironia, para avaliar os diferentes níveis de intencionalidade.
BIBLIOGRAFIA:Diniz-Malloy LF, Fuentes D, Mattos P, Abreu N e col - Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010; Cap. 16 - Reconhecimento de emoções.
Atendimento Psicológico - em Botafogo
Contato: jessicacalderon.psi@gmail.com
Jéssica Calderon - CRP: 05/39344
Hoje esse conceito é usado tanto pela Psicologia do Desenvolvimento, como pela Psicologia Cognitiva e Psicologia Evolucionista. Cada uma dessas áreas aborda o termo de forma diferente.
A importância da Teoria da Mente reside no fato deste termo tratar de aspectos importantes do comportamento social humano. É através deste recurso cognitivo que o homem pode reconhecer e interpretar expressões como ironia, metáfora, dissimulação, sofrimento, interesse e falsidade. É através da teoria da mente que podemos prever que idéias o outro pode estar formulando a nosso respeito, podemos antecipar eventos e tomar decisões cruciais em nosso meio social.
A Psicologia do Desenvolvimento fala da origem desta habilidade em crianças. Propõe que a teoria da mente, assim como a maturação de outras funções cerebrais, ocorre numa sequência de aquisições. Primeiro a criança é capaz de perceber a si mesma (+/- aos 12 meses), depois percebe o outro (por ex: a mãe) e, por fim, perceberia o objeto (atenção compartilhada). Após esse período, a criança desenvolveria habilidades mais complexas: distinção entre eventos reais e hipotéticos, perceber seu reflexo no espelho e distinguir falsas crenças (crença que não é congruente com a realidade por contar apenas com informações que foram percebidas parcialmente em uma situação específica).
A Psicologia Cognitiva explica a Teoria da Mente através do modelo de Baron-Cohen (1996). Esse modelo postula que existem 4 módulos cerebrais que interagem e produzem o sistema de "leitura mental" do ser humano.
- Módulo da intencionalidade: O indivíduo interpreta um estímulo a partir de seu desejo ou de sua meta.
- Módulo da direção do olhar: O indivíduo tem a capacidade de perceber o olhar do outro sobre si. E também tem a capacidade de inferir se olhar do outro está realmente vendo ou não a mesma coisa que ele vê.
- Módulo da atenção compartilhada: Capacidade que o sujeito tem de formar relações entre ele próprio, outras pessoas e os objetos percebidos.
- Módulo da teoria da mente: Capaz de integrar percepção, desejo, intenção e crenças a fim de dar origem a uma construção teórica coerente que possa ajudá-lo a compreender o comportamento do outro e modular sua ação.
A Psicologia Evolucionista estuda a representação cerebral da teoria da mente. Começa seus estudos com chimpanzés e aos poucos chega a formulações teóricas a respeito do funcionamento cerebral humano.
A representação cerebral da teoria da mente:
A rede neural envolvida na Teoria da Mente é bastante ampla. Três áreas cruciais estão relacionadas: o lobo temporal, o córtex parietal inferior e o lobo frontal.
Estudos têm sugerido a participação de neurônios-espelho nesse funcionamento cognitivo. Esse é um tipo específico de neurônios capazes de "imitar" internamente uma ação observada do mundo externo. Ou seja, é responsável por espelhar inconscientemente ações motoras de outras pessoas (ressonância empática).
"Os neurônios-espelho foram relacionados a várias modalidades de comportamento humano, como a capacidade de imitar, aprender novas habilidades, compreender a intenção de outros humanos e com a Teoria da Mente, sendo que a sua disfunção poderia estar envolvida com a gênese do autismo." (p.179)
Alguns testes utilizados para investigar o funcionamento da teoria da mente:
- Teste Sally-Anne
- Histórias com o uso de blefes, erros ou persuasão, através de material visual, para investigar a capacidade de inferir o estado mental de si e do outro.
- Testes para avaliar a capacidade de compreensão da intencionalidade por trás da fala direta, metáfora e ironia, para avaliar os diferentes níveis de intencionalidade.
BIBLIOGRAFIA:Diniz-Malloy LF, Fuentes D, Mattos P, Abreu N e col - Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010; Cap. 16 - Reconhecimento de emoções.
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sexta-feira, abril 01, 2011
Reconhecimento de Emoções
Perceber uma face e atribuir-lhe um estado emocional coerente são duas capacidades distintas, com estruturas cerebrais e circuitos neurobiológicos diferentes.
Estudos de neuroimagem sugerem que regiões do córtex inferotemporal e o temporal inferior são responsáveis pela percepção e reconhecimento de faces. Lesão nessas regiões leva a uma incapacidade de reconhecer rostos familiares e famosos - prosopagnosia. Esse sintoma é muito comum em pacientes com demência avançada, onde não reconhecem mais sequer os familiares mais chegados.
A habilidade para perceber e expressar emoções depende de um sistema de distribuição neural, formado pelo sistema límbico, principalmente pela amígdala, pelo hipotálamo e pelo sistema dopaminérgico, além de áreas como giro occipital inferior, giro fusiforme, gânglios da base, córtex parietal direito e o giro temporal inferior.
Independente das diferenças culturais, as expressões faciais são universalmente reconhecidas. Expressões de felicidade, tristeza, raiva, medo, repulsa, surpresa e contemplação podem ser reconhecidas em pessoas de diferentes partes do mundo, mesmo na ausência de palavras. Essas expressões são ditas emoções universais.
Mas, além das emoções universais, exitem também as emoções sociais, como: culpa, vergonha, arrogância e admiração; estas dependem de cada cultura.
Estudos revelam que emoções diferentes são processadas em áreas distintas do cérebro. Por exemplo, há indicativos que o medo é processado na amígdala, enquanto que o nojo nos gânglios basais. Acredita-se também que o hemisfério cerebral direito esteja relacionado às emoções negativas, como: tristeza, medo e raiva. Enquanto que, emoções positivas de alegria, felicidade e surpresa, seriam processada no lado esquerdo do cérebro.
"A habilidade social é algo complexo, que parece se desenvolver a partir de fatores presentes desde o nascimento. A capacidade de reconhecer faces e expressões emocionais tem valor adaptativo, sendo que a correta 'leitura' das emoções no contexto social fornece pistas sobre as condições presentes e, assim, indica as direções que o comportamento de um indivíduo deve seguir, a fim de ser socialmente apropriado." (p.172)
"A capacidade de produzir e reconhecer expressões faciais é um componente importante da comunicação interpessoal, sendo essas expressões usadas em particular para transmitir um estado emocional." (p.174)
BIBLIOGRAFIA:Diniz-Malloy LF, Fuentes D, Mattos P, Abreu N e col - Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010; Cap. 15 - Reconhecimento de emoções.
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Estudos de neuroimagem sugerem que regiões do córtex inferotemporal e o temporal inferior são responsáveis pela percepção e reconhecimento de faces. Lesão nessas regiões leva a uma incapacidade de reconhecer rostos familiares e famosos - prosopagnosia. Esse sintoma é muito comum em pacientes com demência avançada, onde não reconhecem mais sequer os familiares mais chegados.
A habilidade para perceber e expressar emoções depende de um sistema de distribuição neural, formado pelo sistema límbico, principalmente pela amígdala, pelo hipotálamo e pelo sistema dopaminérgico, além de áreas como giro occipital inferior, giro fusiforme, gânglios da base, córtex parietal direito e o giro temporal inferior.
Independente das diferenças culturais, as expressões faciais são universalmente reconhecidas. Expressões de felicidade, tristeza, raiva, medo, repulsa, surpresa e contemplação podem ser reconhecidas em pessoas de diferentes partes do mundo, mesmo na ausência de palavras. Essas expressões são ditas emoções universais.
Mas, além das emoções universais, exitem também as emoções sociais, como: culpa, vergonha, arrogância e admiração; estas dependem de cada cultura.
Estudos revelam que emoções diferentes são processadas em áreas distintas do cérebro. Por exemplo, há indicativos que o medo é processado na amígdala, enquanto que o nojo nos gânglios basais. Acredita-se também que o hemisfério cerebral direito esteja relacionado às emoções negativas, como: tristeza, medo e raiva. Enquanto que, emoções positivas de alegria, felicidade e surpresa, seriam processada no lado esquerdo do cérebro.
"A habilidade social é algo complexo, que parece se desenvolver a partir de fatores presentes desde o nascimento. A capacidade de reconhecer faces e expressões emocionais tem valor adaptativo, sendo que a correta 'leitura' das emoções no contexto social fornece pistas sobre as condições presentes e, assim, indica as direções que o comportamento de um indivíduo deve seguir, a fim de ser socialmente apropriado." (p.172)
"A capacidade de produzir e reconhecer expressões faciais é um componente importante da comunicação interpessoal, sendo essas expressões usadas em particular para transmitir um estado emocional." (p.174)
BIBLIOGRAFIA:Diniz-Malloy LF, Fuentes D, Mattos P, Abreu N e col - Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010; Cap. 15 - Reconhecimento de emoções.
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quinta-feira, março 31, 2011
Cognição Social
A neuropsicologia é dividida em duas áreas hierarquicamente organizadas: neurocognição (também denominada cognição básica) e cognição social.
Neurocognição: Aplica-se às funções cognitivas básicas (atenção, memória, funções executivas). Estuda cada uma dessas funções individualmente porque elas utilizam sistemas de processamento semi-independentes.
Já a Cognição Social: Aplica-se ao estudo da adequação do comportamento ao ambiente. Refere-se, portanto, à habilidade de identificação, manipulação e adequação do comportamento de acordo com informações socialmente relevantes detectadas e processadas em determinado contexto ambiental. Em poucas palavras, a cognição social modula o comportamento.
O saber acerca da cognição social foi sendo construída a partir de estudos com animais, destacando-se os experimentos relacionados à competição por comida, estratégias de proteção e respostas adaptativas ao meio.
Os comportamentos mais complexos foram sendo desenvolvidos na espécie humana a medida que o grau de exigência de resposta ao meio foi aumentando.
Comportamentos humanos de cooperação e altruísmo foram fatores cruciais para a convivência em grupo. (Adolphs, 2001; Emery e Clayton, 2009; apud Monteiro e Neto, 2010)
Alguns quadros clínicos caracterizam-se por uma maior disfunção social, por em certo déficit nisto que chamamos, cognição social. É o que observamos, por exemplo, em casos de esquizofrenia, autismo, transtorno bipolar, psicopatia, entre outros. É importante compreender os mecanismos envolvidos nessa "falha do funcionamento social", pois é a partir da compreensão desses déficits cognitivos que podemos pensar em estratégias terapêuticas que beneficiem o paciente em sua interação com o meio.
Algumas diferenças são traçadas entre neurocognição e cognição social em termos de dos estímulos utilizados em pesquisas, o tipo de resposta esperada do sujeito e a forma de avaliação deste. Porém, o que me parece de crucial importância nessa diferenciação, é saber que, numa avaliação de aspectos como memória, resposta executiva ou atenção, por exemplo, esperamos uma resposta precisa e mensurável (neurocognição); já nos estudos de cognição social, é possível apenas verificar diferenças entre os sujeitos, apreender aspectos de sua personalidade. Numa avaliação de desempenho da cognição social não há resposta certa ou errada, mas sim a resposta particular de cada sujeito num dado momento e circunstância. O comportamento social é multideterminado.
"A cognição social consiste em uma operação mental, que está na base do funcionamento social, envolvendo a capacidade humana de perceber a intenção e a disposição do outro em um determinado contexto. Isto inclui as habilidades nas áreas da percepção social, atribuição e empatia e reflete a influência do contexto social." (Penn et al, 1997; Couture et al, 2006; apud Monteiro e Neto, 2010)
Existem dois processos cuja interação é de fundamental importância para a cognição social, são estes:
- Sistema Reflexivo/Sistema de Processamento automático
Esse tipo de processamento não exige muito esforço; a avaliação é automática, estando fora do campo da consciência. É relativamente rápida e de difícil regulação e controle, não sendo modulada pela atenção. O processamento se dá de forma paralela e é esteriotipado, ou seja, envolve tarefas familiares e já praticadas. Muitas vezes envolve emoções, esses comportamentos ocorrem sem deliberação reflexiva.
- Sistema Refletivo/Sistema de Processsmanto controlado, voluntário
Este é um tipo de processamento intencional, voluntário ou envolve esforço, ocorrendo dentro do campo da consciência. É relativamente lento e acessível à regulação, demandando recursos atencionais. O processamento se dá em série, a informação é processada passo a passo e permite lidar com tarefas novas e difíceis. Esse processamento surge tardiamente na evolução e no desenvolvimento, muitas vezes envolvendo linguagem declarativa e baseando-se no raciocínio, no pensamento reflexivo, na análise semântica, sintese e abstração. Esse sistema é importante por sua capacidade de atribuir significados e interpretar informações novas e complexas.
Modelo Conceitual de Cognição Social:
Segundo Couture e colaboradores (2006), a cognição social apresenta 4 componentes:
1)Percepção Emocional: Capacidade de inferir informação emocional a parrir das expressões emocionais, das inflexões vocais e/ou da prosódia.
2)Percepção Social: Capacidade de extrair certas pistas do comportamento manifesto dentro de um determinado contexto social, além da capacidade de compreensão das regras e das convenções sociais.
3)Teoria da Mente: Capacidade de compreender que os demais possuem estados mentais diferentes dos nossos e de fazer inferências relativas aos conteúdos desses estados mentais.
4)Estilo de Atribuição: Tendência característica de explicar as causas dos acontecimentos na própria vida. Capacidade de dar significado para os acontecimentos da vida.
Esse modelo, o Modelo Conceitual de Cognição Social, tem sido utilizado para investigar o funcionamento relacionado à competência social, através de escalas de funcionamento e habilidades sociais, teste de reconhecimento de faces e provas sobre Teoria da Mente, assim como é usado também para investigar as estruturas envolvidas nesse funcionamento, através de neuroimagem.
BIBLIOGRAFIA:Diniz-Malloy LF, Fuentes D, Mattos P, Abreu N e col - Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010; Cap. 14 - Cognição Social.
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Jéssica Calderon - CRP: 05/39344
Neurocognição: Aplica-se às funções cognitivas básicas (atenção, memória, funções executivas). Estuda cada uma dessas funções individualmente porque elas utilizam sistemas de processamento semi-independentes.
Já a Cognição Social: Aplica-se ao estudo da adequação do comportamento ao ambiente. Refere-se, portanto, à habilidade de identificação, manipulação e adequação do comportamento de acordo com informações socialmente relevantes detectadas e processadas em determinado contexto ambiental. Em poucas palavras, a cognição social modula o comportamento.
O saber acerca da cognição social foi sendo construída a partir de estudos com animais, destacando-se os experimentos relacionados à competição por comida, estratégias de proteção e respostas adaptativas ao meio.
Os comportamentos mais complexos foram sendo desenvolvidos na espécie humana a medida que o grau de exigência de resposta ao meio foi aumentando.
Comportamentos humanos de cooperação e altruísmo foram fatores cruciais para a convivência em grupo. (Adolphs, 2001; Emery e Clayton, 2009; apud Monteiro e Neto, 2010)
Alguns quadros clínicos caracterizam-se por uma maior disfunção social, por em certo déficit nisto que chamamos, cognição social. É o que observamos, por exemplo, em casos de esquizofrenia, autismo, transtorno bipolar, psicopatia, entre outros. É importante compreender os mecanismos envolvidos nessa "falha do funcionamento social", pois é a partir da compreensão desses déficits cognitivos que podemos pensar em estratégias terapêuticas que beneficiem o paciente em sua interação com o meio.
Algumas diferenças são traçadas entre neurocognição e cognição social em termos de dos estímulos utilizados em pesquisas, o tipo de resposta esperada do sujeito e a forma de avaliação deste. Porém, o que me parece de crucial importância nessa diferenciação, é saber que, numa avaliação de aspectos como memória, resposta executiva ou atenção, por exemplo, esperamos uma resposta precisa e mensurável (neurocognição); já nos estudos de cognição social, é possível apenas verificar diferenças entre os sujeitos, apreender aspectos de sua personalidade. Numa avaliação de desempenho da cognição social não há resposta certa ou errada, mas sim a resposta particular de cada sujeito num dado momento e circunstância. O comportamento social é multideterminado.
"A cognição social consiste em uma operação mental, que está na base do funcionamento social, envolvendo a capacidade humana de perceber a intenção e a disposição do outro em um determinado contexto. Isto inclui as habilidades nas áreas da percepção social, atribuição e empatia e reflete a influência do contexto social." (Penn et al, 1997; Couture et al, 2006; apud Monteiro e Neto, 2010)
Existem dois processos cuja interação é de fundamental importância para a cognição social, são estes:
- Sistema Reflexivo/Sistema de Processamento automático
Esse tipo de processamento não exige muito esforço; a avaliação é automática, estando fora do campo da consciência. É relativamente rápida e de difícil regulação e controle, não sendo modulada pela atenção. O processamento se dá de forma paralela e é esteriotipado, ou seja, envolve tarefas familiares e já praticadas. Muitas vezes envolve emoções, esses comportamentos ocorrem sem deliberação reflexiva.
- Sistema Refletivo/Sistema de Processsmanto controlado, voluntário
Este é um tipo de processamento intencional, voluntário ou envolve esforço, ocorrendo dentro do campo da consciência. É relativamente lento e acessível à regulação, demandando recursos atencionais. O processamento se dá em série, a informação é processada passo a passo e permite lidar com tarefas novas e difíceis. Esse processamento surge tardiamente na evolução e no desenvolvimento, muitas vezes envolvendo linguagem declarativa e baseando-se no raciocínio, no pensamento reflexivo, na análise semântica, sintese e abstração. Esse sistema é importante por sua capacidade de atribuir significados e interpretar informações novas e complexas.
Modelo Conceitual de Cognição Social:
Segundo Couture e colaboradores (2006), a cognição social apresenta 4 componentes:
1)Percepção Emocional: Capacidade de inferir informação emocional a parrir das expressões emocionais, das inflexões vocais e/ou da prosódia.
2)Percepção Social: Capacidade de extrair certas pistas do comportamento manifesto dentro de um determinado contexto social, além da capacidade de compreensão das regras e das convenções sociais.
3)Teoria da Mente: Capacidade de compreender que os demais possuem estados mentais diferentes dos nossos e de fazer inferências relativas aos conteúdos desses estados mentais.
4)Estilo de Atribuição: Tendência característica de explicar as causas dos acontecimentos na própria vida. Capacidade de dar significado para os acontecimentos da vida.
Esse modelo, o Modelo Conceitual de Cognição Social, tem sido utilizado para investigar o funcionamento relacionado à competência social, através de escalas de funcionamento e habilidades sociais, teste de reconhecimento de faces e provas sobre Teoria da Mente, assim como é usado também para investigar as estruturas envolvidas nesse funcionamento, através de neuroimagem.
BIBLIOGRAFIA:Diniz-Malloy LF, Fuentes D, Mattos P, Abreu N e col - Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010; Cap. 14 - Cognição Social.
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segunda-feira, fevereiro 28, 2011
Meus escritos...
Vida, Arte e Vazio.
O vazio é um convite a criação.
Assim como a vida e a arte também o são.
O espectador espera que o artista preencha os espaços vazios.
Mas ele não o faz.
O artista convida o espectador à reflexão.
Ele reproduz na tela o nada - dimensão do próprio existir.
Não cabe ao artista dizer quais são as cores e formas.
Mas sim, cabe ao espectador, escolher o que ver.
Jéssica Calderon.
21/03/2010
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terça-feira, fevereiro 01, 2011
NOVA VERSÃO - Psicoterapia de Grupo (Idosos e Mulheres)
(CLIQUE NA IMAGEM PARA VÊ-LA MAIOR!)
PSICOTERAPIA DE GRUPO
Para Idosos
Público Alvo:
Pessoas a partir de 60 anos
Sessões semanais - 1 hora e meia de duração.
Local: Botafogo.
Para Mulheres
Público Alvo: Pessoas a partir de 18 anos.
Sessões semanais - 1 hora e meia de duração.
Local: Copacabana.
Objetivos:
Oferecer atendimento aqueles que buscam um espaço amoroso e seguro para o autoconhecimento.
Auxiliar na construção de recursos internos que ajudem a lidar com as próprias emoções.
Propiciar maior qualidade de vida.
Profissionais:
* Jéssica Calderon Paixão CRP: 05/39344
Psicóloga, formada pela UFRJ.
Especializanda - Psicogeriatria, IPUB/UFRJ
* Mary S. Fridman Markewitz CRP: 05/39351
Psicóloga, formada pela UFRJ.
Especializanda - Arteterapia e Psicologia Médica (HUPE/UERJ)
Informações/Inscrições:
Jéssica (8336-5220) ou Mary (9378-0761)
http://psicoterapia-grupo.blogspot.com/
PREÇO: 50,00 (por encontro)
segunda-feira, janeiro 17, 2011
A Gestalt-terapia como abordagem terapêutica
Gestalt-terapia: Uma abordagem fenomenológica - humanista existencial
A Gestalt-terapia, por ser uma abordagem existencial*, acredita no potencial humano, crê que as pessoas podem encontrar seu caminho na vida e assumir sua responsabilidade por esta. A maturidade nada mais é do que a responsabilidade pela própria vida e é exatamente neste sentido que esta abordagem trabalha, ajudando as pessoas a tornarem-se mais maduras emocionalmente a partir de uma maior conscientização a respeito de si mesmas.
Um dos objetivos centrais nesta terapia é mostrar ao cliente um caminho de maior autonomia e independência, baseando-se no autosuporte, contando com seus recursos internos.
A influência do Humanismo* se faz presente pela crença no potencial humano de crescimento e auto-transformção. Segundo Frederick Perls*, fundador da Gestalt-terapia, o ser humano tende a repetir padrões esteriotipados. A terapia vem para romper as esteriotipias e abrir caminho para mil novas possibilidades do ser.
Essa abordagem NÃO trabalha para o ajustamento do sujeito à sociedade. Pelo contrário, quer promover sujeitos autênticos; e, para que isso seja possível, o terapeuta também deve ser uma pessoa autêntica. Nesse terreno não se pode falar em neutralidade por parte do terapeuta, pois este deve usar-se inteiramente a serviço do processo terapêutico do cliente, compartilhando com ele experiências, sensações e emoções que afloram nessa relação. Essa relação pessoa-a-pessoa é preconizada por sua base existencialista.
A Gestalt-terapia é também criada com influências da fenomenologia*, por isso fica com o que se mostra, o fenômeno, com o que parece óbvio (mas mesmo assim temos, muitas das vezes, dificuldade de enxergar. Dentre os fenômenos a serem observados é de particular importância estar atento à linguagem corporal do cliente, porque o não-verbal revela mais do que as palavras previamente pensadas. É uma abordagem de elementos da consciência. A conscientização é a tarefa principal do terapeuta, pois é isto que gerará espontaneamente a mudança.
Aqui propõe-se que as pessoas possam vivenciar plenamente seu "aqui-e-agora" e que possam se dar conta de como fazem para não estar pleno no momento presente. Para ajudar o cliente nesta tarefa o terapeuta faz perguntas do tipo: "o que?" e "como?", raramente pergunta "por que?".
Segundo esta teoria, perguntas do tipo: "O que está acontecendo neste momento?", "O que você está sentindo agora?", "Como é seu medo agora?", "De que maneira você se afasta das pessoas?", por ex., ajudam a trazer os sentimentos à tona no momento atual, produzindo experiências imediatas e não frias racionalizações. Não espera-se uma verbalização excessiva.
Valorizar o presente não é negar o passado ou o futuro. Se uma questão do passado continua demandando energia faz parte de uma "passado-presente". Se uma pré-ocupuação a respeito de algo futuro toma nossos pensamentos no momento atual, é porque é um "futuro-presente". Tudo isto é importante, é visto e não rechaçado. A técnica utilizada aqui é orientar aos pacientes que contem desse passado ou futuro no momento presente, como se estivessem vivenciando a situação naquele exato momento. Por exemplo: Ao invés de falar sobre um trauma infantil, o cliente pode ser incentivado a dramatizar essa situação no consultório. Espera-se que assim, com a ajuda do terapeuta e estando num ambiente seguro, ele possa dar novos significados e criar novas saídas pra essa história.
É uma abordagem não-interpretativa pela parte do terapeuta; cabe ao cliente criar seus próprios significados.
Na GT trabalha-se com o conceito de polaridades, dicotomias existentes dentro do eu. Por ex: anjinho X demônio; passivo X ativo; doador X usurpador, etc. O objetivo é ajudar às pessoas a reconhecerem e aceitarem seus pólos opostos, fortalecendo assim seu self.
O conceito de situações inacabadas diz respeito a sentimentos e sensações interrompidas, não vivenciadas plenamente pelo sujeito, que, por isto, roubam energia enquanto não atingem sua plena expressão. É preciso identificar as situações na história da pessoa que não estão plenamente encerradas e trabalhar para que um desfecho (real e/ou emocional) se dê. Isto ajuda a pessoa a viver de forma mais plena. Por ex: Uma mulher que carregue consigo uma mágoa em relação ao pai, mas precise cuidar dele neste momento, pode ser que não se dê conta de seu sentimento. Porém, enquanto não puder perceber, aceitar e integrar tal sentimento em sua relação com ele, talvez nunca consiga ser de fato uma boa cuidadora.
Mini-dicionário:
Existencialismo: É uma corrente filosófica e literária que destaca a liberdade individual, a responsabilidade e a subjetividade do ser humano. O existencialismo considera cada homem como um ser único que é mestre dos seus atos e do seu destino.
Fenomenologia: É, em sentido lato, uma escola filosófica fundada por Edmund Husserl. Num sentido mais estrito, é uma disciplina da filosofia que estuda os objectos e as estruturas da consciência purificada ou transcendental, i.e., da consciência cognitiva. Trata-se, portanto, de uma investigação sobre a consciência em geral, comum a todos os sujeitos cognitivos plenos, independentemente das características psicológicas de cada um.
Humanismo: Um conjunto de ideais e princípios que valorizam as ações humanas e valores morais (respeito, justiça, honra, amor, liberdade, solidariedade, etc).
Frederick Perls: Psicólogo e psicoterapeuta alemão, Frederick Fritz Perls nasceu em 1893 e faleceu em 1970. Estudou Medicina em Berlim depois da Primeira Guerra Mundial, tendo-se especializado em psicanálise. Depois da tomada de poder de Hitler, refugia-se na África do Sul onde fundou um Instituto de Psicanálise. Em 1946 emigra para os Estados Unidos da América, vindo a sofrer uma grande influência da corrente gestaltista. Com a sua mulher Laura Perls, desenvolve uma terapia a partir dos fundamentos do Gestaltismo. Em 1951 publica o livro Gestalt Therapy, mas as suas concepções passam despercebidas. É a partir de meados da década de 60 que a Gestalterapia passa a ter aceitação. As suas concepções e princípios de trabalho influenciaram fortemente as terapias então surgidas nos Estados Unidos da América.
*Texto escrito por Jéssica Calderon.
Atendimento Psicológico - em Botafogo
Contato: jessicacalderon.psi@gmail.com
Jéssica Calderon - CRP: 05/39344
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